Inspiramo-nos nas problemáticas que vão surgindo no nosso percurso e apresentamos algumas reflexões para acrescentar um pouco de sabedoria, perspetiva e know-how às nossas famílias.
Lidar com a PHDA (Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção) nas crianças/adolescentes pode ser um desafio tanto para pais como educadores. Este é um assunto que nos toca profundamente, enquanto comunidade de aprendizes, pois esta perturbação, quando está presente, pode mascarar uma enorme inteligência e ser confundida com outras situações que rotulam negativamente as crianças e jovens portadores desta perturbação.
Como estamos empenhados em harmonizar a relação pais-filhos, aligeirando todas as tensões que possam surgir durante o percurso académico das crianças/adolescentes, é nossa preocupação que este assunto seja mais claro e transparente para todos.
A PHDA torna as crianças/jovens mais desatentos, hiperativos e impulsivos que o normal para a sua idade. A PHDA torna mais difícil o desenvolvimento de habilidades que controlam a atenção, o comportamento, as emoções e a actividade. Como resultado, estas crianças/jovens agem de formas que são difíceis de ser geridas pelos pais, familiares e/ou educadores. Por exemplo, como estas crianças/jovens têm dificuldade em gerir a atenção, parecem frequentemente distraídos, não seguem bem as orientações que lhes são transmitidas ou até mostram pouco esforço durante o trabalho escolar. O mesmo acontece com os seus níveis de hiperatividade: ao ser difícil para eles fazerem a sua gestão, são mais "trapalhões" e parecem ter dificuldade em estar quietos. Também, por serem mais impulsivos, interrompem com frequência as conversas e fazem coisas "sem pensar".
A princípio, os pais podem não aperceber-se de que estes comportamentos são parte da PHDA, pois parece que a criança/jovem está apenas a portar-se mal. Desta forma, a PHDA pode deixar os pais muito stressados, frustrados ou a sentirem-se desrespeitados.
A verdade é que, quando os pais aprendem mais sobre esta perturbação e quais as abordagens que funcionam melhor, conseguem ajudar melhor os seus filhos a melhorar o seu comportamento e a sua performance.
A educação dos pais é tão importante como qualquer outra parte do tratamento para PHDA. A forma como os pais reagem pode melhorar - ou piorar - o quadro.
Se o/a seu/sua filho/a foi diagnosticado com PHDA, os especialistas recomendam que os pais, educadores e/ou familiares:
Se envolvam. Aprenda tudo o que consegue sobre PHDA. Siga o tratamento recomendado pelo terapeuta e participe em todas as consultas.
Conheçam como a PHDA afecta a criança/jovem. Todas as crianças são diferentes:) Identifique os problemas presentes na sua criança que estejam relacionadas com a PHDA. Há crianças que precisam de melhorar a atenção enquanto outras precisam de aprender a desacelerar. Consulte o terapeuta para dicas e formas de ajudar o/a seu/sua filho/filha.
Se foquem em ensinar uma-coisa-de-cada-vez. Não tente trabalhar todos os aspetos relacionados com a PHDA, ao mesmo tempo! Comece devagar. Escolha uma coisa para se focar. Elogie o esforço do/a seu/sua filho/a.
Cooperem com a Escola. Fale com o(s) professor(es) para descobrir que tipo de adaptações ou planos pode beneficiar, na Escola. Reúna com os professores para descobrir como a criança está a corresponder. Colabore com o(s) professor(es) para ajudar o/a seu/sua filho/a a sair-se bem!
Descubram se têm PHDA. Esta perturbação, geralmente, costuma ser hereditária. Os pais (ou outros familiares) de crianças com PHDA podem não saber que são portadores desta perturbação. Quando os pais ou familiares com PHDA são diagnosticados e tratados, isso ajuda-os a ser os melhores pais que desejam ser:)
Disciplinem com propósito e carinho. Aprenda quais são as abordagens mais apropriadas para lidar com uma criança com PHDA e quais aquelas que podem piorar o quadro. Procure orientação junto do terapeuta do/a seu/sua filho/a de forma a reagir adequadamente aos comportamentos da criança. As crianças com PHDA podem ser sensíveis à crítica, logo a forma mais eficaz para corrigir o seu comportamento é ser encorajadora e acolhedora, em vez de punitiva.
Estabeleçam expectativas claras. Antes de ir a qualquer sítio, fale com a criança para explicar como espera que ela se comporte. Foque mais energia em ensinar-lhe o que fazer em vez de reagir ao que não deve fazer.
Falem sobre a PHDA. Não tenha vergonha de falar deste assunto. Ajude a criança a compreender que ter PHDA não é culpa dela e que podem aprender sempre novas formas de melhorar os problemas que a PHDA causa.
Passem tempo juntos todos os dias. Reserve tempo para conversar e desfrutar de atividades relaxantes e divertidas com a sua criança - mesmo que seja por uns minutos! Dê-lhe toda a sua atenção e disponibilidade, enquanto desfruta da sua companhia. Elogie os comportamentos positivos. Não exagere nos elogios mas comente sempre que o/a seu/sua filho/a faça algo de bom. Por exemplo, quando a sua criança tem dificuldade em estar quieta e consegue esperar pela sua vez de participar numa atividade, reforçe o comportamento dizendo: "Boa, conseguiste esperar pela tua vez!"
Dêem a maior importância à relação com os seus filhos. As crianças com PHDA sentem muitas vezes que desiludem os outros, fazem mal as coisas ou não são "bons". Proteja a auto-estima do/a seu/sua filho/a sendo paciente, compreensivo e aceitando-o/a. Deixe a sua criança saber que acredita nela e vê todas as suas qualidades. Construa resiliência mantendo a relação com o/a seu/sua filho/a, positiva e amorosa.
Pesquisas recentes de Gierczyk e Hornby (2023) e de Bas (2023) confirmaram que a interrupção de Verão se revela mais prejudicial na matemática do que na leitura, e com impacto significativo no cálculo e ortografia, principalmente nos primeiros anos de escolaridade ou em alunos provenientes de contextos socioeconomicos mais desfavorecidos. No entanto, muitas crianças recuperam facilmente áreas basilares da aprendizagem (descodificação, escrita e cálculo) logo nas primeiras semanas do ano letivo, mas nem todas o fazem ao mesmo ritmo.
Num artigo recente da organização norte-americana Children at Risk, destaca-se o papel dos pais na prevenção do efeito de perda das aprendizagens durante as férias, ao dinamizarem pequenas ações, realizadas com leveza e prazer durante este período do ano letivo. Em atividades simples e integradas nas rotinas familiares, é possível apoiar as crianças sem necessidade de se replicar a escola em casa.
Seguem-se algumas sugestões de atividades práticas, que podem ser adaptadas aos diferentes níveis de escolaridade.
Reservar, diariamente, 15 a 30 minutos para a leitura por prazer, adaptada ao nível e ao gosto da criança ou jovem; deixe que o seu filho escolha os livros - bandas desenhadas, revistas ou pequenas histórias.
Visitar bibliotecas e livrarias em família ou promova trocas de livros entre amigos e familiares.
Ler em voz alta e conversar sobre os textos.
Incentivar os filhos a manter um diário de férias, com frases curtas (1º ciclo) ou parágrafos mais elaborados (2º e 3º ciclos).
Escrever postais, cartas ou e-mails a amigos e familiares a relatar episódios das férias.
Cozinhar recorrendo à matemática, revendo frações, multiplicações e proporções; peça à criança que adapte a receita ao dobro ou à metade, por exemplo.
Ir às compras incentivando a criança a explorar valores, comparar preços, calcular trocos ou aplicar descontos.
Promover jogos com números, tais como dominó, sudoku ou jogos de tabuleiros que envolvam estratégia e cálculo.
Criar uma rotina leve, mas estruturada, com momentos reservados para diferentes tipos de atividades; garanta as horas de sono necessárias e alguma previsibilidade e consistência no ambiente, mesmo em férias.
Dar a oportunidade à criança para tomar decisões, planear o dia ou realizar pequenas tarefas adequadas à idade.
A versão completa deste artigo está na secção "artigos".
Julho 2025 |Ler artigo completo aqui.